
Mito era com ele mesmo! Estratégico, com muita irreverência e sarcasmo, Raul Seixas, literalmente, usou Deus e o Diabo, para causar polêmica e ganhar popularidade. Ele sabia muito bem que seus temas e pontos de vista, eram complexos demais para a mentalidade rude e simples da grande massa e, assim, levaria o seu nome não só entre os fãs, usando a ignorância de quem não o entendia a seu favor, fazendo jus ao ditado popular "falem bem ou falem mal, mas falem de mim". Genial, não?!
(Só abrindo parênteses aqui para dizer, mais uma vez, que aqueles que falam mal de bandas ruins são tanto responsáveis pelo sucesso delas, quanto pelo fracasso das outras que considera boas, pois enquanto perdem o seu tempo lutando contra Emos, Coloridos, Funk, Sertanejo, etc., poderiam estar falando bem de bandas boas e que merecem e precisam de publicidade. Desculpa se este é ou já foi o seu caso, mas, se qualquer forma, sempre é tempo de mudar e deixar aquela velha opinião formada sobre tudo de lado. Venha também para o time dos que lutam de verdade pelo Rock e deixe as bandas ruins se acabarem por si mesmas, pois esse é o destino natural delas.)
Nessa gangorra entre o bem e o mal, nosso Dom Raulzito, deixava nas entrelinhas que na verdade não acreditava em nada disso, o que o permitiu cantar em suas letras desde "Tenha fé em deus, tenha fé na vida", em Tente Outra Vez"; passando por "O Diabo é o Pai do Rock, foi ele mesmo que me deu um toque", em Rock do Diabo"; e, depois, desdizendo tudo isso categoricamente em "Não existe deus se não o homem", em "A Lei". Observe ainda como ele coloca em paralelo fábulas e crenças em "Eu fui testemunha do amor de Rapunzel, eu vi a estrela de Davi brilhar no Céu" em "Há Dez Mil Anos Atrás". (Clique aqui e veja a interpretação de "Há Dez Mil Anos Atrás")
Poucos se atentam ao fato de que Raul estudou um pouco de Filosofia, Direito e até Psicologia na UFBA- Faculdade de Direito da Universidade Federal da Bahia. Sem dúvidas, Raul Seixas era cético, crítico, questionador, como todo filósofo, considerando a filosofia como a ciência que é. O mais perto que ele chegou de ter uma crença, ou foi o ateísmo, ou foi pensar como na música "Gita", que escreveu baseado no panteísmo, doutrina na qual deus está em tudo, em toda natureza, nas coisas boas, e também nas coisas más. (Clique aqui para ver a interpretação de "Gita")
Seus conhecimentos e curiosidades que começaram na biblioteca particular de seu pai, somados a à irreverência e poesia do Rock'n'Roll, permitiram-lhe que discorresse sobre os mais variados assuntos com muita propriedade e naturalidade. E que é possível, além de fazer rock de qualidade em língua portuguesa, usar da arte e da música para trazer questionamentos sobre valores da sociedade sobre ética, quando se fala de religião e direito e sobre liberdade individual, quando se fala de comportamento, coisa fundamental para que uma sociedade evolua, ou seja: o poder de pensamento crítico que cada um de nós temos.
Por essas e outra, nem só para o "mala maluco que grita: toca Raul", Raul escrevia, e sim para aqueles que não se conformam com a inércia da sociedade do homem moderno. Sem, ofensas, Zeca Baleiro...
Por essas e outra, nem só para o "mala maluco que grita: toca Raul", Raul escrevia, e sim para aqueles que não se conformam com a inércia da sociedade do homem moderno. Sem, ofensas, Zeca Baleiro...
Texto original de @RenatoZuza
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