O dia 7 de julho parece macabro. O Brasil chora pela vigésima vez, sem hipérboles, a morte de um ícone da música, Cazuza. Porém, a partir desse ano o nosso país se lamentará pela perda de Ezequiel Neves. O jornalista e produtor musical do grupo Barão Vermelho morreu aos 74 anos. Ironia absurda. O dia 7 de julho não parece, como eu disse acima. O dia 7 de julho é macabro. Lamentavelmente macabro.
Só de pensar nessa ideia toda a minha imaginação para escrever desaparece. Resolvi, pois, fazer um tributo. Uma homenagem simbólica diante da genialidade de Zeca e Cazuza.
No dia 7 de julho de 1990 morreu, no Rio de Janeiro, Agenor Miranda de Araújo Neto. Um dos mais lindos garotos cariocas, um dos mais loucos garotos cariocas, o mais exagerado garoto carioca. Ele era da Lapa e ele era de Ipanema. Ele era da Baixada e ele era de Copacabana. Ele era de qualquer lugar. Com apenas 32 anos, foi retirado de nós devido a um choque séptico causado pela AIDS. Ao seu enterro compareceram mais de mil pessoas, entre amigos, familiares e fãs. Era o queridinho das vovós, punha os pais malucos com suas loucuras, o Caju dos amigos e o ícone dos fãs. Lucinha, mãe de Cazuza, não permitiu que abrissem o caixão que, lacrado, foi coberto de flores e levado pelos ex-companheiros de Barão.
No dia 7 de julho de 2010 morreu, no Rio de Janeiro, Ezequiel Neves. Jornalista, produtor musical do Barão Vermelho, compositor e crítico musical. Zeca Neves lutava, há cinco anos,
contra um tumor benigno no cérebro, enfisema e cirrose. Incansável festeiro, sempre a mil por hora, Ezequiel Neves morreu aos 74 anos na Clínica São Vicente, na Gávea. O corpo foi cremado no Rio e as cinzas levadas para Belo Horizonte, onde nasceu.
Não posso dizer coincidência da vida. Não é destino. Há 20 anos o Brasil perdeu Cazuza. Esse ano, o Brasil perdeu Zeca. O dia 7 de julho poderia ter sido excluído do calendário se pudéssemos prever o que aconteceria. É irônico demais. Cazuza e Ezequiel não eram apenas parceiros em letras, como "Exagerado" e "Codinome beija-flor", eram amigos. Festeiros, animados e exagerados. Talvez tenham feito a música e o clipe baseados nas suas experiências boêmias. Eram ídolos, ícones. O que seria de Cazuza sem Zeca? O que seria de Zeca sem Cazuza? Mas, principalmente, o que vai ser de nós, meros mortais, sem esses dois gênios, sem esses dois poetas, sem esses dois EXAGERADOS?
Afinal, por que os bons têm que morrer?