segunda-feira, 28 de junho de 2010

Rock Nacional

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O Rock é um estilo de música muito extremista. Ou você ama, ou você odeia. Eu, particularmente, amo.Porém existem várias formas de expressão desse mecanismo da música. Isso é o mais encantador do rock. Diversas nacionalidades, histórias, arranjos e épocas integram esse estilo musical tão famoso ao redor do mundo.

Mas, vou me deter no rock nacional. Primeiro porque acho que tendo tanta qualidade aqui dentro, não precisamos nos prender ao que existe lá fora. Segundo porque, para mim, o Brasil desfrutou de outro tipo de uma revolução na música que muitos outros países não tiveram.É isso!

O Rock nacional surgiu na década de 1950, porém, ganhou mais força em 1980. Nos anos 1950, quem deu o pontapé inicial aqui no Brasil foi Nora Ney ao gravar o rock "Rock around the Clock" de Bill Haley e His Comets. Nessa mesma época surgiram outros nomes como Miguel Gustavo, Betinho e seu conjunto e Tony e Celly Campello.

Na década de 1960, o rei Roberto Carlos dava mais graça ao mundo em sua época de "Jovem Guarda", ao lado de Erasmo Carlos e Wanderléa. Mais tarde vieram os Mutantes e também Caetano e Gil. Um curioso episódio dessa época foi a Passeata contra as guitarras elétricas, protagonizado por artistas da MPB, como Elis Regina e Jair Rodrigues. A guerra declarada à Jovem Guarda, tempos depois, viu o fim do programa, com a saída de Roberto Carlos. Veio, então, a Tropicália.

Nos anos 1970 veio o regime militar. Caetano foi exilado, Rita Lee saiu dos Mutantes e emplacou em sua carreira solo, surgiram os Secos e Molhados e Raul Seixas, ambos em 1973. Alguns movimentos, como o "Clube da Esquina", marcaram a época.No final dos anos 1970, mais precisamente em 1978, surgiu o Aborto Elétrico. A banda fez parte do chamado Clube da Colina, um grupo de bandas de Brasília que reunia outros nomes como Plebe Rude e Blitz 64.O Clube da Colina contava com Renato Russo, Fê Lemos, Ico Ouro Preto e Flávio Lemos. André Pretorius só tocou no primeiro show da banda. O Aborto Elétrico acabaria em 1982 após uma briga entre Renato Russo e Fê Lemos.

Nos anos 1980, uma geração agitada mostrava a sua cara. O rock, mundialmente consagrado, se firmava no Brasil. Com o fim do Aborto Elétrico, Renato Russo fundou a Legião Urbana e Flávio e Fê Lemos se juntaram a Dinho Ouro Preto e Loro Jones no grupo Capital Inicial. Titãs, Paralamas do Sucesso, Cazuza e o Barão Vermelho, Eduardo Dusek, João Penca e seu Miquinhos Amestrados, Lulu Santos e muitos outros nomes também surgiram com sua música irreverente. Nenhum desses, porém, foi mais cômico do que uma banda que começou a se desenhar em 1989.Seu nome era Utopia. Mais tarde ela viria a se chamar Mamonas Assassinas. O rock era a cara da juventude brasileira. Surgia o movimento musical conhecido como BRock.

Nos anos 1990 outras bandas começam a surgir nas garagens de todo o Brasil. As garagens, viraram palcos. Pato Fú, Jota Quest, Cássia Eller, Los Hermanos,Charlie Browm Jr., Raimundos, Tianastácia, Skank, Chico Science e Nação Zumbi. Durante essa época o Sepultura, que já existia, experimentou uma guinada violenta!

Nos anos 2000 o rock sofreu. Hebert Vianna, dos Paralamas, sofreu um grave acidente,o Titã Marcelo Frommer morreu atropelado e Cássia Eller também morreu. Todavia surgiram outras bandas como o Denotautas Roque Clube e Pitty. É aí que o rock brasileiro vai ser redesenhado. As chamadas "bandas emocore" surgem com muita força, principalmente, entre os adolescentes. Nx Zero e Fresno são os exemplos mais marcantes na atualidade.

Citar todas as bandas que marcaram história é impossível. Todavia, são todas inesquecíveis. O Rock é a forma mais clara de expressão dos sentimentos do povo. Uma marca da juventude da época em que se situa. Cada fase política e social do país se manifesta clara nas canções e interpretações de todos esses nomes no rock e tantos, tantos outros. Do jeito que for, o rock nacional é muito mais claro do que qualquer livro de História.

Raul Seixas

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Filho de um engenheiro e de uma dona de casa, Raul Seixas nasceu em Salvador no dia 28 de junho de 1945. Filho mais velho do casal Seixas, Raul tinha apenas um irmão,Plínio. O menino cresceu cercado pelos livros da biblioteca de seu pai, também chamado Raul. Essa deve ser a explicação de uma mente brilhante.

Tudo começou com um objeto normal em qualquer casa de família nos anos 1940. O popular rádio se abria para Raul através da voz de Luiz Gonzaga. Nas estradas que desvendava com o pai via várias vertentes diferentes de cultura. O nordeste, porém, nunca saía dele.

Raul morava próximo ao consulado americano. Esse detalhe seria dispensável se esse não fosse o responsável primeiro contato do menino nordestino com o rock. Fã de Elvis Presley, graças à loja "Cantinho da Música" onde passava horas ouvindo discos de rock, fundou o "Elvis Presley Fã-Clube de Salvador".

Logo Raul se junta aos seus amigos nordestinos e cria "Os Relâmpagos do Rock", seu primeiro contato físico com o rock. O conjunto de Raul é o primeiro de Salvador a utilizar instrumentos elétricos. O sucesso da banda, todavia, não ultrapassava o eixo baiano, o que desapontava muito o conjunto, em especial, Raul. A última gota foi um namoro com a americana Edith Wisner. O pai de Edith era um rígido religioso. Para agradar à família da namorada, Raul abandona a música.

O namoro resultou em casamento. Raul passa a lecionar inglês e violão para ganhar a vida. Mas o mundo dá muitas voltas e a antiga paixão pela música volta com força através do conjunto Raulzito e Os Panteras. O caminho se abre quando Jerry Adriani faz um show em Salvador. Para a abertura do show a produção queria um conjunto local. E lá estão Raulzito e Os Panteras. A performance de Raul impressiona Jerry que o convida para acompanhá-lo em uma turnê pelo Rio de Janeiro. Convite feito, convite aceito. O resultado? Um disco gravado na Odeon.

E assim começa a trilha de sucesso de Raul Seixas. Produtor da CBS, compositor para o jovem guarda e a pós-jovem guarda, participante do Festival Internacional da Canção. Há duas curiosidades praticamente desconhecidas sobre Raul. A primeira é que seu segundo LP foi retirado do mercado por não se enquadrar à linha de atuação da gravadora CBS, da qual ele era produtor, e Raul acabou demitido. A segunda é que, graças ao Festival Internacional da Canção, Raul assinou um contrato com a gravadora Philips e gravou o álbum "Os 24 Maiores Sucessos da Era do Rock". Só que o nome "Raul Seixas", sequer aparecia na capa.

Na década de 1970 tem seu primeiro contato com Paulo Coelho. No mesmo período faz a música Ouro de Tolo em crítica à ditadura. Torna-se consagrado. Em 1974 cria, em parceria com Paulo Coelho, uma sociedade alternativa. Afinal, quem nunca ouviu a frase: "Faze o que tu queres, há de ser tudo da Lei"? A Sociedade Alternativa passou a ser divulgada através da música de mesmo nome. Paulo e Raul acabam presos pelos militares que consideraram a música um movimento armado contra o governo. Após serem torturados são exilados para os Estados Unidos. Porém o sucesso de "Guita" força os militares a trazerem os dois para o Brasil a fim de não levantar suspeitas. Raul, então, se separa de Edith e vai para os Estados Unidos com a filha Simone.

No ano seguinte casa-se com Gloria Vaquer e grava outro LP. Esse, porém, teve poucas vendas. Em 1976 supera a má vendagem com outro disco e ganha mais uma filha, Scarlet. Mas as coisas começam a desandar. A parceria com Paulo Coelho é desfeita. Os três discos que lança agradam ao público e desagradam a crítica. Nesse período Raul intensifica sua parceria com Cláudio Roberto Andrade de Azevedo.

A partir de 1978 começam seus problemas de saúde devido ao álcool. Separa-se de sua mulher e volta ao Brasil com a filha. Neste ano, conhece Tania Menna Barreto, com quem passa a viver. O relacionamento acaba em 1979 e Raul entra em depressão e ele decide se internar para enfrentar o alcoolismo. Então conhece Kika, sua quarta mulher, com quem tem Vivian, sua outra filha. O relacionamento terminou em 1985.

Sua carreira teve altos e baixos, principalmente devido ao álcool e às drogas. No dia 21 de agosto de 1989,dois dias depois de lançar seu úlimo disco, Raul Seixas morre na cidade de São Paulo por volta das 8 horas da manhã. Raul foi encontrado morto em seu quarto por sua empregada,Dalva. O polêmico mestre do rock nacional era humano, não era um mutante. Como pessoas normais ele foi vítima de uma parada cardíaca. Alcoolismo, diabetes, descuido com o fato de não ter tomado insulina na noite anterior foram a causa de uma pancreatite aguda fulminante.

É penoso pensar que nossos ídolos morrem. Pior ainda é saber que Raul era humano. Suas músicas e seu ritmo calavam qualquer polêmica ou qualquer resquício de ser humano naquele que todos sempre viram como um mutante perfeito. O luto por tê-lo perdido é maior que qualquer coisa e mais eterno que qualquer eternidade. O nosso consolo é que ainda temos a voz dele para ouvir. Basta apertar "play".

domingo, 27 de junho de 2010

O Significado da música "Gita" de Raul Seixas.

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Perguntando para algumas pessoas sobre o que achavam que Raul dizia com a música “Gita”, notei que cada um dá a sua versão e acredita que a música tenha mesmo só interpretações subjetivas e que não deveria haver uma interpretação mais correta que a outra. Mas, mesmo assim, essas interpretações formam um consenso; o ponto comum é que muitos disseram que a música tem a ver com deus.

A história que se conta sobre a letra da música “Gita” é que Raul lia um livro de Bhagavad Gita, um guru do hinduísmo, religião indiana. O próprio nome da música é uma alusão clara a esse fato. Raul então adormeceu com a idéia na cabeça e quando acordou começou a escrever a letra.
Prestando atenção na letra é fácil perceber do que ela fala.

A parte declamada no começo é o ponto chave para entender o que vem depois. Começa a música: “Eu que já andei pelos quatro cantos do mundo procurando, foi justamente num sonho que ele me falou: ...”. Assim, o resto que é cantado, não seria o Raul dizendo algo a alguém, e sim, ouvindo algo que alguém falava, confirma a idéia de que foi depois de um sonho que a música foi escrita e que esse sonho foi motivado pela leitura de parte da doutrina de Bhagavad Gita. Sendo assim Raul, em vez de falar, ouve: “Às vezes você me pergunta, por que é que eu sou tão calado, não falo de amor quase nada, nem fico sorrindo ao teu lado...”

A doutrina da religião hinduísta é baseada no panteísmo. O panteísmo é a crença em que Deus está em todas coisas da natureza, não está em um só lugar e não é um determinado ser ou pessoa; deus para os hinduístas é a própria natureza. É isso o que diz a música toda: “Eu sou a luz das estrelas, Eu sou a cor do luar, Eu sou as coisas da vida, Eu sou o medo de amar”; “Por que você me pergunta, perguntas não vão lhe mostrar que Eu sou feito da terra, do fogo, da água e do ar...”.

Pensando por este ângulo dá pra compreender facilmente os versos: “você me tem todo dia, mas não sabe se é bom ou ruim, mas saiba que Eu estou em você, mas você não está em mim...”, isso porque deus, para os panteístas, está em tudo a que o homem tem acesso, inclusive dentro do próprio homem, pois o deus está no homem, porque o homem é parte de deus, mas o homem não está em deus, porque deus vai muito além do que o homem é.

Ao escrever isso, o significado de “Gita” me parecia cada vez mais óbvio, o que me levou a entrar um pouco em outro assunto e chegar a conclusão que muitas outras coisas devem ser tão simples de se entender, mas no Brasil, como em boa parte do mundo, a tradição judaico-cristã é imposta, embora haja liberdade de religião garantida pelo Art. 5° da Constituição, ainda há muito preconceito contra quem não seja católico ou protestante (evangélicos, espíritas, etc). Como se a crença de negros, índios e outros povos marginalizados fosse inferior. Aliás ateus, agnósticos, céticos e pagãos também tem a sua liberdade de crença protegida pela lei, pois se há liberdade de religião, para ser livre mesmo, tem que incluir a liberdade de não-religião.

Como poderia ser uma crença menor que a outra, se todos têm tantas provas de seus deuses quanto os cristãos? Ou seja: nenhuma! E todos, ainda assim, têm direito de ter fé, que consiste justamente em acreditar em algo sem precisar de comprovação, e se estiver precisando de comprovar, já está fraca a sua fé, pois já virou ciência.

Finalizando: mesmo que sua religião seja outra que ache o hinduísmo pareça uma sub-cultura religiosa, a música “Gita” de Raul Seixas fala de deus segundo o Panteísmo, e não o deus que está na doutrina que você conhece, mas tão real quanto todos são para e conforme as suas respectivas crenças. Discorde disso com uma condição: responder quem mais seria “o início, o fim e o meio” se não deus?

Está on-line o blog Projeto Backup sobre Rock Nacional

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Hoje, na data em que Raul Santos Seixas completaria 65 aninhos, fica on-line o blog Projeto Backup, que trará não só textos sobre Raulzito, mas sobre o Rock Nacional, chamando atenção para o conteúdo cultural das letras.

Os anos 1980 foram um marco para o Rock Nacional, deixando na história através da arte musical os conflitos existenciais, políticos e ideológicos de uma geração que presenciou a censura da ditadura militar e também a liberdade de expressão conquistada dentro dessa mesma década.

Como o mestre Chico Buarque fez na MPB, nomes como Renato Russo, Cazuza e o homenageado de hoje, Raul Seixas, trouxeram para o Rock Brasileiro a inteligência de se expressar através de letras reflexivas com poder de crítica social.

Além disso, a liberdade oitentista foi iniciada com o evento que podemos considerar o Woodstock brasileiro: O Rock'n'Rio I. Com a abertura política do País, foi possível inspirar mais ainda a juventude a produzir mais e mais músicas para expressarem desde seus sentimentos até sua ideologia. Foi o combustível para bandas como RPM, Engenheiros do Hawaii e Paralamas do Sucesso darem ainda mais vida a suas obras e a novas idéias.

Não podemos dizer que os roqueiros brazucas são punks, pois a partir do momento que conseguiram sair do undergroud para o mainstream, infiltraram-se no sistema para difundir suas idéias, enquanto os punks continuaram falando de suas idéias para eles mesmos... Mas foram serguidores do lema punk "Do yourself!" Razão pela qual a gente observa a simplicidade nos ritimos e na harmonia musicais, mas, mesmo assim, com poucos recursos, fizeram arte, pura arte!

Enfim, aprofunde-se nas obras, vale a pena! Principalmente para você que tem uma banda ou é poeta, tem algo a dizer e quer escrever com qualidade. Inspire-se!

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